21. Combates em favor do português: glotopolítica no Brasil em perspectiva historiográfica
Resumo
Ao longo da história de uma língua, inúmeras são as ocasiões em que os utentes tentam legislar sobre ela. Neste trabalho, apresentamos duas dessas tentativas, com o objetivo de situá-las, em uma perspectiva historiográfica, no campo dos estudos de glotopolítica do Brasil. Do ponto de vista historiográfico, elegemos, como horizonte de retrospecção, o século XIX, a fim de verificarmos a existência de movimentos de continuidade e/ou ruptura no pensamento linguístico presente nas fontes examinadas. O corpus selecionado é composto por dois projetos de lei, que circularam no entresséculos XX-XI. O primeiro, de autoria de Aldo Rebelo, foi protocolado em 1999. O segundo, assinado por Guilherme Derrite, veio a público em 2020. Como referencial teórico, no campo da glotopolítica, partimos dos postulados de Guespin e Marchelesi (1986), Calvet (2007), Pereira e Costa (2012), Savedra e Lagares (2012) e Lagares (2018). Com relação à historiografia linguística, utilizamos os estudos de Auroux (2014 [1992]), Altman (2004 [2003]), Koerner (2014) e Swiggers (2010). Os resultados mostram que, em diversos momentos, houve uma continuidade no pensamento oitocentista, sobretudo no que se refere à ideia de língua, concebida sob uma ótica claramente prescritivista.