73. “Vazante”, de Daniela Thomas: discursos e representações do negro no cinema brasileiro
Resumo
A violência e a barbárie contra a população negra, trazem números que causam assombro, pois, é cada vez mais rotineiro, nos meios de comunicação, a notícia de mais um negro sendo vítima da violência policial. Assim, para discutimos acerca do problema, necessita-se, inicialmente, traçar suas origens, Jessé Souza (2019), credita a origem de não só deste problema, mas de todos os problemas que compõe a sociedade brasileira, no sistema escravocrata e em sua natureza sangrenta. Diante disto, este trabalho pretende analisar o filme “Vazante” (2017), de Daniela Thomas, entendendo este como uma representação que faz de forma peculiar um retorno ao nosso passado, especificamente, o período da escravidão. Outrossim, este trabalho realizou-se a partir de uma metodologia bibliográfica qualitativa, de maneira a pormenorizar as trajetórias de três personagens, em especial, o líder dos escravizados africanos recém-chegados (Toumani Kouyaté), Feliciana (Jai Baptista) e Virgílio (Vinícius dos Anjos), interpretando os reflexos de suas representações na sociedade brasileira. Isto posto, utilizou-se, como arcabouço teórico, os estudos sobre as questões étnico-raciais de Souza (2017), Ribeiro (2017), Gonçalves (2009), Gonzáles e Hasenlbag (1982), Haag (2010) e Moura (2019), além dos estudos sobre a representatividade negra no cinema, Nascimento e Eduardo (2020), Edileuza Penha de Souza (2011), bem como os estudos sobre usurpação da memória colonial de Cunha Paz (2019), e sobre o mito da democracia racial e miscigenação de Santos e Sales (2018), igualmente as obras cinematográficas de Carriére(1994), Aumont (2006), Deleuze (2018).