14. Racismo estrutural, processos de guetização e os expedientes da branquitude
Resumo
Este artigo é fruto de revisão bibliográfica de uma tese de doutorado e dialoga sobre as intersecções entre Racismo Estrutural e os reiterados processos históricos de guetização imputados sobre a população negra e pobre no Brasil sob a ótica do pensamento feminista negro. Buscamos também desnaturalizar as desigualdades inerentes dos processos de exclusão e desvelar o papel das políticas públicas em face desses processos, com destaque para a política de cotas. O racismo estrutural, ao promover processos de exclusão que historicamente foram imputados sobre da população negra e pobre, afastas possibilidades de ocupar das classes subalternas ocuparem espaços de decisão e poder, bem como do acesso aos bens e serviços sociais. Subsidiado pelas teorias racistas eurocêntricas, a raça se tornou um marcador de exclusão e precarização. Este artigo se divide em três seções. Na primeira, discutimos sobre os conceitos de raça, o racismo estrutural e sua interferência na formação social, econômica, política e cultural do Brasil. Na segunda seção, trazemos o conceito de guetização para pensar as formas com que a população negra e pobre tem sido apartada do acesso aos bens e serviços na sociedade brasileira, um deles, a educação superior e o papel das políticas públicas em face das desigualdades de raça no Brasil. E uma terceira seção que trata da especificamente dos expedientes da branquitude, ou seja, as diversas formas com que ela se realiza na cotidianidade e as múltiplas resistências e conquitas da luta antirracista.