127. Militância da mulher negra no Brasil e a ideologia de gênero: há machismo no movimento negro?
Resumo
No presente artigo, utilizamos uma matéria do Jornal SINBA do fim da década de 70, na qual analisamos os discursos, que vão sendo construídos culturalmente pela historiografia positivista, e a posição da vertente militante dos movimentos sociais negros sobre a participação da mulher negra nesses movimentos. O Jornal utilizado para análise é um espaço para a divulgação de movimentos que lutam contra o racismo e o colonialismo. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa a partir de uma revisão histórica e bibliográfica que seguirá os pressupostos da Análise do Discurso francesa. Para isso, discutimos a noção de memória discursiva e interdiscurso e os sentidos construídos pelo sujeito nas interações sociais, os quais, por meio da enunciação, fazem ecoar a ideologia de gênero masculino em detrimento do feminino, ressoando o machismo estrutural. Como resultado, constatamos que o preconceito de gênero, enraizado em nossa cultura, fez-se presente também na luta social do movimento negro.