178. Shoah: a dialogicidade da escrita como arma do testemunho
Resumo
O ato de reunir os traumatizantes fragmentos do passado que alguns sobreviventes de catástrofes resultantes de políticas sub humanas optam por silenciar na tentativa de negar e/ou esquecer os horrores vividos ou sobrevividos, enquanto outros se empenham em registrar por meio da escrita, assumindo-se como testemunhas, compõe o discurso da literatura da Shoah. Testemunhos considerados documentos históricos produzidos pela manifestação da memória são discursos que soam, ressoam e ecoam alcançando um público cada vez maior através de livros, artigos e filmes que retratam um passado de atrocidades praticadas por um poder dominante, destruidor até mesmo de identidades. Este trabalho possui como objetivo principal, compreender o ato de construir um lugar de fala, sobretudo do discurso escrito, de testemunhar sobre a destruição de uma raça, adotado por alguns sobreviventes e, no contraponto, compreender o posicionamento daqueles que decidiram silenciar. Dialoga-se a partir das obras A espécie humana: um relato clássico sobre a vida nos campos de concentração, Robert Antelme (2013); É isto um homem?, Primo Levi (1988) e, esta comunicação fundamentando-se teoricamente pela perspectiva bibliográfica. A elaboração desta pesquisa tem como proposta reflexiva o falar e o silenciar. O fato de trabalhar a temática da Literatura do Testemunho torna-se relevante tanto no âmbito acadêmico e teórico, quanto do ponto de vista social, em virtude de seu discurso exercer uma influência marcante na sociedade hoje globalizada em relação a um passado politicamente sombrio.