1. A função social e cultural da barata na contemporaneidade: uma análise comparada entre A Metamorfose, de Franz Kafka, e A Paixão Segundo G. H., de Clarice Lispector
Resumo
O artigo tem como objetivo analisar os seguintes textos literários: A Metamorfose, de Franz Kafka (1985), e A Paixão Segundo G. H. (2014), de Clarice Lispector. Para tanto, objetiva perceber, nos textos, de que maneira os autores usam a metáfora da barata para exemplificar situações do cotidiano e, consequentemente, tentar compreender de que forma essa discussão se insere em uma sociedade regida por padrões estéticos. A metodologia de pesquisa empreendida se contrapõe à pesquisa quantitativa de orientação positivista e se caracteriza por ser de natureza essencialmente qualitativa e interpretativa, no sentido de que trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes (MINAYO, 2001), com o intuito de a partir da comparação das obras construir uma interpretação a propósito do tema em questão. Como lastro teórico, em que se assentam nossas reflexões, apoiamo-nos em Georges Vigarello (1996), Chantal Jaquet (s/d) e Anne Marie Moulin (2009), para os quais o corpo é uma questão central. Os resultados advindos da análise comparativa dos textos literários apontam que a barata é vista, na maioria das vezes, como um ser sujo, que representa medo e repugnância. Nas obras em epígrafe, a metáfora da barata é utilizada para representar esses sentimentos em situações cotidianas. Contudo, isso não é algo que pode ser generalizado, uma vez que a metáfora da barata em Franz Kafka (1985) aponta para uma transformação, enquanto em Clarice Lispector (2014) representa uma reflexão.