26. Covid-19: discursos polêmicos sobre a obrigatoriedade vs. (des)obrigatoriedade do uso de máscara – análise de textos jornalísticos
Resumo
O objetivo geral deste artigo é analisar a polêmica entre os discursos contrários ou favoráveis ao fim da obrigatoriedade do uso de máscaras protetivas contra a disseminação do coronavírus em meio à pandemia de Covid-19. Especificamente, pretende-se observar como estratégias linguístico-discursivas de modalizações dos dizeres alheios promovidas pela imprensa podem acarretar efeitos de sentido de subjetividade, objetividade, adesão ou desaprovação. Para tanto, são analisados títulos e primeiros parágrafos de duas reportagens sobre o tema publicadas nos sites de notícia Jovem Pan (“Primeiro dia sem máscara em ambientes fechados traz alívio a paulistas”) e G1 (“Rosto sem máscara contra Covid: fim do uso pode ser gatilho para ansiedade e outros dilemas; veja como lidar”), em março de 2022. Aplica-se como arcabouço teórico a Semiótica Discursiva, mais estritamente a noção de espaço tensivo formado pelo encontro entre as dimensões de intensidade (do estado da alma, do sensível) e de extensidade (do estado de coisas, do inteligível). Atenta à relevância em buscar interpretar cientificamente o momento que nos afeta, nossa abordagem justifica-se pela observação sobre corpus recente em meio à duração de mais de dois anos de pandemia; além de partirmos da hipótese de que as análises podem contribuir para os estudos discursivos sobre a polêmica, entendendo (à esteira de Amossy) que ela pode ser compreendida como a gestão discursiva da dissensão entre valores em uma dada sociedade.