68. Transgressão e emancipação: a representação erótica feminina na poética de Gilka Machado
Resumo
Em uma das maiores religiões do mundo, o cristianismo, as primeiras mulheres, Lilith e Eva, são oprimidas a ponto de sofrer punições, culpas e marginalização por expressarem desejos carnais e buscarem igualdade em relação ao seu parceiro, tornando-o vítima das “repudiáveis vilãs”. Similarmente, a história se repete quando ao final do século XIX e início do século XX, o Rio de Janeiro se torna um importante polo industrial e, com isso, estabelece contato com a Europa, que traz consigo o esplendor das letras. Neste cenário, surgem mulheres da elite carioca indo ao encontro do mundo literário, porém, estas, limitadas à vida de donas de casa, mães e, acima de tudo, posses de seus maridos. Diante disto, este trabalho de caráter qualitativo bibliográfico, objetiva realizar uma análise acerca da literatura erótica sob a perspectiva feminina de Gilka Machado, também conhecida como a primeira mulher a se dedicar à escrita erótica no Brasil, sendo, portanto, uma das maiores figuras transgressoras da literatura brasileira, considerando o contexto moral e os preceitos sociais vigentes que impunham a todos, especialmente às mulheres, uma postura pudica e casta e restringiam quaisquer escritos de cunho carnal. A poeta traz um alto teor de crítica ao sistema patriarcal, característico de sua época, pois o erotismo era uma modalidade de escrita predominantemente masculina, e, mesmo entre os homens, era interpretado como sinal de depravação. Para o fim apresentado, serão utilizados como arcabouço teórico os estudos de Bataille (1987), Beauvoir (1970), Foucault (1988) e Soares (2000).