46. Entre a cruz e a espada: escolástica, humanismo e hibridismo cultural na Arte de Gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595
Resumo
A apresentação tem como tema a história do pensamento linguístico (linguistic thought, idées linguistiques) no Brasil, pelos pressupostos da disciplina de Historiografia da Linguística (HL) e de História das Ideias Linguísticas (HIL), conforme o modelo teórico-metodológico de Auroux (1992), Koerner (1996) e Swiggers (2013). Nosso objetivo é debater a questão da periodização do pensamento linguístico no Brasil, em um modelo dividido em três grandes períodos: o missionário, o secular e o científico (KALTNER, 2022), que se referem a três períodos institucionais no Brasil: colônia, Império e República, respectivamente. Especificamente, nosso debate teórico se desenvolverá sobre o período missionário, na América portuguesa quinhentista, analisando a influência de duas correntes de pensamento no modelo gramatical da época: a (segunda) escolástica e o humanismo renascentista, presentes nas gramáticas missionárias (ZWARTJES, 2011), como na Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595), escrita por S. José de Anchieta, SJ (1534–1597). As correntes de pensamento em questão serão descritas pelo conceito de hibridismo cultural (BURKE, 2003) em sua recepção no Brasil do século XVI, e no modelo gramatical de Anchieta.