16. Variações de uso das formas nominais de segunda pessoa no gênero canção em seus estilos sertanejos
Resumo
Este trabalho apresenta um estudo de caso (YIN, 2001) acerca das escolhas pronominais, atinentes à marcação de segunda pessoa (você/tu), suas formas oblíquas (você/ti; lhe/te) e seus respectivos possessivos (seu/teu) articulados a motivações de cunho sócio-histórico no âmbito do gênero canção em seu estilo sertanejo (SANTOS, 2019) e suas variações, a partir de um corpus constituído por 87 canções representativas dos estilos “raiz”, “romântico” e “universitário” (CAIXETA, 2016; SANTOS, 2019), produzidas entre a década de 1930 e 2019 e animadas por timbres masculinos e femininos. Os dados foram analisados à luz dos estudos da Sociolinguística (BAGNO, 2003; TARALLO, 1994, CALVET, 2002) com amplas contribuições do legado do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2003; 2004) e de outras teorias discursivas (TATIT, 1995, 1996; FAIRCLOUGH, 2001). Buscamos correlacionar a aloformia da canção sertaneja no notório gradiente tensivo raiz-universitário, caracterizado por bucolismo, saudade e ressentimento, e as escolhas de registro por parte dos cancionistas (do dialeto caipira à hipercorreção gramatical), mais especificamente no que diz respeito à escolha pronominal referente à segunda pessoa do discurso nas formulações linguísticas. Em termos pontuais, estudo assinala para a maior incidência de “você” e suas formas oblíquas correspondentes segundo a gramática normativa e em consonância, principalmente com os estudos de Lopes e Cavalcante (2011) e Mota (2008) e, ainda, na medida em que o estilo sertanejo do gênero canção passa a figurar por entre os gostos dos grupos dirigentes, o que indica, de algum modo, desassimilação com o dialeto caipira (AMARAL, 1972).