26. Gêneros digitais e o uso da LIBRAS no Instagram: a participação da comunidade surda na campanha de 2018
Resumo
Este trabalho tem por objetivo discutir o uso de gêneros digitais por mediadores entre língua oral e língua gesto-visual. Para tanto, focalizo o papel de tradutores/intérpretes de LIBRAS, na promoção de maior engajamento da comunidade surda no Instagram, durante o período eleitoral de 2018. Ciente da transitoriedade dos conteúdos veiculados no aplicativo universal, montei um arquivo discursivo (FOUCAULT, 2010a) com comentários e postagens representativas da polarização constituída na disputa presidencial. Na composição do corpus e concebendo a historicidade do caráter social da linguagem, acionei os Estudos Discursivos foucaultianos, em diálogo com os Estudos Surdos para, com escopo teórico de natureza interdisciplinar, analisar a produção de conteúdos pela página @bolsosurdos, @alonmauricio e o perfil @elizangelacastelobranco, observando os engajamentos em manifestações realizadas no período. Enquanto esfera de compartilhamento e interação on-line, o Instagram promoveu a construção de espaços mais acessíveis às pessoas gesto-visuais. No batimento entre produção e recepção de discursividades na rede, em meu gesto de interpretação, percebo que, na materialidade de cada alusão à Michele Bolsonaro, entre o exercício de uma militância em prol dos sujeitos surdos, a representatividade do apoio à adoção da LIBRAS como segunda língua oficial do Brasil e as atribuições próprias à tradução/interpretação, há um distanciamento limítrofe bem tênue.