02. A construção do sentido em leitura: um estudo semiolinguístico através das canções de Renato Russo

Resumo

     Ao partir dos fundamentos teóricos da Abordagem Global dos autores franceses que se dedicam ao estudo dos problemas de ordem textual e à operacionalização dos constructos teóricos para o ensino de língua e tendo como teorias a Linguística Aplicada em Língua Materna, a Semiótica e a Linguística Textual, este trabalho objetiva que o aluno seja capaz de migrar do “restritivamente linguístico” para o “globalmente comunicativo” para que ele possa trazer novas perspectivas de atividades para o estudo de Leitura na escola. Usaram-se, como corpus, 20 canções do compositor Renato Russo e as referências da Pedagogia Simbólica, que orienta para a valorização dos sentidos, da mente e do corpo na construção do saber, aqui, especificamente, no ensino em leitura, conjugando mente/audição; cognitivo/afetivo; subjetivo/objetivo; abstrato/concreto. A viabilização desse processo de conjugar textos, aparentemente antagônicos, como o verbal e o não verbal; o literário e o não literário; escrito e oral, etc. foi o uso dos conhecimentos prévios do aluno sobre o gênero canção, capaz de funcionar como ganchos retentivos e objetos detonadores anamnésicos de experiências no cotidiano. A metodologia seguiu o roteiro: identificação dos signos que foram significativos nas canções; relacionamento desses termos ao momento da sociedade da época e da atualidade; conjugação das teorias; identificação do vocábulo central que remeteu o compositor ao engajamento sócio-político; criação de um objeto que foi reflexo desse vocábulo. Pôde-se verificar, portanto, após análises uma contradição marcada por dois eixos determinados pelos signos: jovem x velho e luz x trevas; através do vocábulo “sangue”, percebeu-se uma referência ao engajamento do compositor que, entre muitos questionamentos internos/pessoais, remeteu ao sentimento esperança em algumas palavras ou formas nominais como: acreditar, primavera, amanhã, aprende, um dia, nem foi tempo perdido, etc. que conduziram à criação do objeto detonador anamnésico.