43. A tensão do(s) sentido(s) de “assédio sexual” no acontecimento discursivo desencadeado pelo movimento “METOO”

Autores

  • SILVA, Iasmin dos Santos (UEMS)
  • CHAVES, Aline Saddi (UEMS)

Resumo

     Este artigo trata de um assunto que ganhou espaço na mídia nos últimos anos: o assédio sexual. A esse respeito, diferentes discursos entram em circulação, produzindo efeitos de sentido variados acerca do que é, e do que deixa de ser assédio sexual. Desse modo, toma-se por objeto dois acontecimentos discursivos antagônicos e de ampla repercussão midiática, gerados após os casos de denúncia de assédio sexual contra o diretor de Hollywood, Harvey Weinstein, bem como após a criação do movimento #MeToo, na rede social Twitter. Fundamentando-se na Análise do Discurso de linha francesa, o objetivo principal do estudo é detectar, nos diferentes discursos, qual sentido de assédio sexual é atualizado, verificando-se em quê, e de que modo esses sentidos diferem e até mesmo antagonizam entre si. O corpus de análise é formado por textos midiáticos. Por razões metodológicas, os discursos foram divididos em dois grupos. As análises apontam que, no Grupo 1, o sentido de “assédio sexual” está relacionado a “paquera”, “exercício da liberdade sexual”, enquanto que, para o Grupo 2, a associação se faz com “violência”. O fato de o Grupo 1 tratar assédio como não sendo violência revela que este discurso é atravessado por discursos decorrentes de uma concepção patriarcal da sociedade. No Grupo 2, composto por feministas, é nítida a distinção e o contraste entre as ideologias e os diferentes sentidos de assédio sexual. Como considerações finais, observamos que os dois discursos refletem posicionamentos históricos e ideológicos, o que, em nossa hipótese, permite explicar as diferentes representações e sentidos de “assédio sexual”.

Palavras-chave:

Feminismo. Assédio sexual. Análise do discurso.

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Publicado

06-01-2020

Edição

Seção

Artigos