12. Narrativas de aprendizagem: Olhares plurais da vitalidade linguística do guarani

Autores

  • OLIVEIRA, Shirlene Bemfica de (IFMG)
  • MAIA, Francisca Paula Soares (UNILA)

Resumo

     “A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Ela traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade para o mundo” (THOMPSON, 1992, p. 44). Ao incluir versões silenciadas/esquecidas de grupos sociais marginalizados, a história oral privilegia aquelas histórias, irreconhecíveis como História – que não nos falam de fatos, mas de acontecimentos; que não se constituem em documentos, mas em signos, que não nos apresentam argumentos, mas sentidos (PEREZ, 2003, p. 10). Falar sobre as experiências de aprendizagem de uma língua e do seu uso tornam explícitas as memórias, vivências, impressões, sentimentos dos falantes em relação a essa língua, o que fortalece o vínculo com ela. Durante o processo narrativo, os falantes não guardam todas as nuances do processo vivido na memória, pois seleciona e considera o que é significativo ou não, e o que resulta da relação estabelecida entre o espaço e o tempo da experiência. A história de cada um de nós contém a história de um tempo, dos grupos a que pertencemos e das pessoas com as quais nos relacionamos. O objetivo desta pesquisa é investigar e analisar narrativas escritas da aprendizagem e do uso da língua guarani. A investigação tem como epicentro as pessoas, suas histórias, vivências, impressões, acompanhadas de suas aprendizagens do e no aprendizado e uso da língua. A metodologia de coleta e análise se pauta pelo uso de narrativas. A pesquisa narrativa é entendida como uma ferramenta metodológica que possibilita a compreensão da experiência humana (SAHAGOFF, 2015, p. 1). Ela nos possibilita observar algumas dimensões do aprendizado da língua, do mundo em que os participantes vivem e usam essa língua e como os sentidos são construídos por eles em relação a sua vida e a sua língua guarani. O foco do trabalho é na constituição da memória dos processos de aprendizagem, como uma ferramenta da comunicação, cujo potencial está no fortalecimento da língua e no empoderamento dos seus falantes. Os dados foram coletados por meio de um questionário inicial e uma entrevista na UNILA com aprendizes do guarani. Os resultados ou desfechos deste e de outros estudos anteriores apontam que a língua guarani se mantém viva e em uso por influência de fatores pessoais e sociais, tais como a atitude linguística, a preservação da identidade étnica, a transmissão intergeracional, a mobilidade social e o apoio institucional (CALAZANS, 2014; VILLALVA FILHO, 2020).

Palavras-chave:

Língua guarani. Vitalidade linguística. Narrativa das memórias.

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Publicado

20-12-2024

Edição

Seção

Dossiê